No início de 2013 comecei a ter alguns cuidados com a minha
alimentação não só por questões estéticas mas também por saúde e rendimento
físico. Rapidamente percebi que levar um estilo de vida saudável a nível
alimentar não está ao alcance de qualquer um, tendo em conta os fatores socioeconómicos
que se fazem sentir na sociedade em que estamos inseridos (“crise”). Nessa linha
de raciocínio, e pelo “saudável” não ser tão acessível, as pessoas optam por
adquirir alimentos mais baratos que deixam muito a desejar quanto à sua riqueza
nutricional (Fast Food, por exemplo). Assim, não é de espantar que a
prevalência de obesidade na população em geral venha a disparar para números
altíssimos nos próximos anos – o saudável sai caro!
É verdade que os produtos refinados/processados entram no
mercado a preços imbatíveis quando comparados às produções biológicas ou
integrais pelas mais diversas razões. Além da produção implicar baixos custos,
é feita de forma massiva com recurso a substâncias químicas, fertilizantes e
conservantes com o objetivo de lançar a maior quantidade possível para o
mercado, minimizando as perdas. Daí o preço para o consumidor ser tão baixo.
Mas, serão mesmo os fatores socioeconómicos os principais
responsáveis pelo declínio da saúde a nível alimentar ou será apenas uma
questão de desleixo por parte das pessoas? Compensará poupar na conta do
hipermercado para, no futuro, gastar mais com tratamentos de saúde?
Começando a concretizar, esta tal "era do processado"
caracteriza-se pelo elevado consumo de açúcar, sal e gordura que, por
consequência, acaba por criar viciação nos consumidores. Recentemente, dados de
um estudo realizado (terceiro link nas referências), comprovaram que o grau
de viciação do açúcar e gordura era equivalente ao da cocaína. Daí a nossa
inclinação para aqueles alimentos tidos como super calóricos e doces mas que
sabem bem.
Portanto, facilmente se entende que continuamos a caminhar no
sentido oposto no que toca a hábitos de vida saudáveis e, em muitos casos, não
sabemos disso pois acreditamos que adquirir aquele produto Light ou o outro da secção
dietética é a melhor opção. Nem sempre!
Começamos, então, a perceber que não são só os fatores socioeconómicos
os únicos culpados.
No sentido de alertar e consciencializar quanto ao consumo excessivo de determinados produtos alimentares, decidi fazer um pequeno teste e comparar os níveis de açúcar
que algumas bebidas contêm e que, frequentemente, se consomem em Portugal.
O procedimento foi simples. Utilizei dois copos iguais, com
capacidade para 330ml (uma lata comum). Num dos copos colocava 330ml da bebida
e no outro colocava o correspondente em açúcar. Para tal, apenas foi necessário
investir alguns segundos a analisar os rótulos, fazer uma regra de três simples
e usar a balança.
As bebidas utilizadas foram: Coca-Cola, Ice Tea de manga, Bi
limão, Compal de pêssego, 7up, Sumol de laranja, Fanta de laranja e Ucal.
A título pessoal, partilho convosco que fico chocado com as
quantidades absurdas de açúcar que algumas bebidas contêm. Mais uma vez,
desconfio que as pessoas não têm essa noção.
Apresento-vos os resultados através de imagens. Para ajudar na percepção das quantidades, expresso o equivalente em pacotes de açúcar (utilizados nos cafés) com 7gr.
De todas as bebidas selecionadas, o Bi de limão é o que contém menos açúcar. Por cada 330ml de sumo, contém apenas 5gr de açúcar - não chega a um pacote.
Em segundo lugar, está o Ice Tea de manga. Por cada 330ml, 23gr de açúcar - três pacotes e meio.
Compal de pêssego - 33gr de açúcar, quase cinco pacotes. Creio que esta foi uma das "revelações" mais interessantes. Acredito que muita gente já optou por consumir este tipo de bebida em vez de refrigerantes por acharem ser "mais saudável", muito por força da publicidade. Assim, ficamos todos cientes das concentrações elevadíssimas de açúcar. Destaco a questão dos sabores. O Compal de pêra, por exemplo, possui 36gr de açúcar por cada 330ml.
O leite com chocolate da marca Ucal apresenta a mesma quantidade de açúcar que o Compal de pêssego. 33gr.
É importante referir que tanto o Compal, como Ucal não possuem garrafas de 330ml. Mas, para manter o critério de comparação, igualou-se a medida a todas as bebidas.
Segue-se a Coca Cola, bastante afamada por conter elevadas quantidades de açúcar. No entanto, não vai muito além das registadas no Compal e Ucal. 35gr de açúcar - cinco pacotes.
Pessoalmente, julgava que era a bebida que possuía maior quantidade de açúcar por 330ml, mas não. Fica-se pelo Top 3, em terceiro, juntamente com a seguinte apresentada.
À semelhança da Coca Cola, também o Sumol de laranja possui 35gr de açúcar.
No segundo lugar do pódio como a bebida com mais açúcar, surge a 7Up. Por 330ml, apresenta 36gr de açúcar, apenas mais uma grama que as duas anteriores.
Por fim, de todas as que foram analisadas, a Fanta de laranja é, de longe, a que contém mais açúcar. Uma lata deste refrigerante contém 43gr de açúcar - mais de seis pacotes.
Para igualar os níveis de açúcar desta, teríamos que beber oito garrafas de Bi de limão. Dá que pensar, não dá?
Antes de concluir, devo deixar claro que o principal objetivo desta publicação passa por consciencializar os leitores quanto às escolhas que fazem na hora de decidir o tipo de bebida a ingerir. Poderiam ser incluídas aqui tantas outras (bebidas energéticas e alcoólicas) mas acredito que, daqui para a frente, todos teremos um pouco mais de cuidado e rigor quanto ao que vamos beber (e também comer, não esquecer).
A escolha mais saudável é a água. Ao optar por sumos, os naturais, mesmo contendo frutose (açúcar das frutas), são a melhor opção. No entanto, sou defensor de que não existem alimentos/bebidas proibidas. Devem ser consumidas com muita moderação, pois todos sabemos dos malefícios que os excessos de açúcar acarretam para a saúde humana.
Referências:
(GLOBO.COM). Substituir alimentos refinados por integrais faz bem para a saúde
OLIVEIRA, L. Os perigos do açúcar escondido nos alimentos. Revista Visão
REIS, M. Está provado: açúcar e gordura viciam tanto como a cocaína. Jornal i
SILVA, L. & REIS, P. Metade dos portugueses obesos em 2025. Jornalismo Porto Net - Univ. Porto
WIKIPÉDIA. Frutose