Seja num dia de trabalho ou de treino, por vezes,
sentimos a necessidade de recorrer a estímulos que nos ajudem a despertar o
corpo e a mente, para enfrentar mais uma "batalha".
Quando se fala em estimulantes, o mais habitual é pensar
em substâncias pouco naturais ou mesmo ilícitas que, de alguma forma, permitam
melhorar a nossa performance física e cognitiva. Apesar de coexistirem em tal
contexto, a maior parte de nós consome outros produtos com substâncias de igual
capacidade estimulante para o organismo, sem que sejam consideradas ilegais. Exemplo
disso é a cafeína (desde que em concentrações inferiores a 12mg/L na urina, no
caso dos desportistas).
Resultante da publicidade, são já do conhecimento
geral, diversas bebidas preparadas com o objetivo específico de proporcionarem
um efeito estimulante. Para tal, contém na sua composição substâncias como
cafeína, taurina ou guaraná (RedBull® ou Monster®). Apelidadas de bebidas
energéticas, são consumidas, essencialmente, em contexto desportivo.
No entanto, como se tratam de bebidas estimulantes, é frequente serem
consumidas tanto por "festeiros" noctívagos, como por estudantes em
vésperas de avaliações que precisam da máxima concentração para assimilarem o
máximo de conhecimento possível. Não sabemos, ao certo, até que ponto estas
bebidas atuam eficazmente nesse sentido. Mas, centremo-nos no âmbito do
desporto e no papel que assume uma das bebidas mais consumidas diariamente na
rentabilidade de um atleta, o clássico café.
Todos nós conhecemos alguém (ou até mesmo
nós próprios) incapaz de abdicar de um café pela manhã, depois das refeições ou
antes do treino. Seja para "acordar" ou pelo simples prazer de beber,
a verdade é que uma grande parte da população consome café uma ou várias vezes
por dia.
Como não existem duas pessoas exatamente
iguais, é natural que nem todas sintam os mesmos efeitos da cafeína. No
entanto, com o avançar da idade, é natural que o corpo se manifeste de forma
diferente face à presença de certos estimulantes.
Para quem se exercita com regularidade,
certamente, já se deparou com uma enorme falta de vontade para treinar. A força
imprescindível para iniciar diminui e a motivação desaparece. Atenção,
atenção! Há boas notícias, principalmente para os amantes de café.
Vários estudos revelam que beber um café
antes do treino - 30 a 60 minutos - não
só proporciona um maior conforto, como influencia positivamente a performance
desportiva. A cafeína contida no café gera um aumento de ácidos gordos em circulação na corrente sanguínea,
os quais serão utilizados como fonte de energia pelos músculos. Assim, o corpo ganha maior resistência e
consegue suportar um esforço físico por mais tempo, principalmente se falarmos
de atividade aeróbia
(corrida, ciclismo, natação). Por outro lado, o café tem efeito sobre o sistema
nervoso central, permitindo melhorar o estado de alerta e a
coordenação motora (daí
muitos não abdicarem de um pela manhã ou antes do treino). Também atua
sobre o nosso estado de espírito, o que ajuda a
tornar a tarefa mais agradável e aumenta, consequentemente, os níveis de
motivação.
Portanto, no que ao treino diz respeito, o café assume um papel relevante na nossa predisposição física e psíquica, relativamente ao mesmo. Os níveis de concentração e motivação
aumentam/melhoram e o rendimento obtido no treino sai beneficiado. Como tal, percorre-se o caminho certo para o sucesso.
O consumo moderado de café, quando aliado a outros hábitos
de vida saudáveis, revela-se, ainda, uma "arma" antidepressiva e
uma mais-valia na prevenção de patologias como Cancro, Diabetes ou Parkinson.
No que respeita às intituladas bebidas energéticas, apesar de poderem conter cafeína, não devem ser utilizadas como
substituto do café. As mesmas não possuem os
antioxidantes e outros elementos saudáveis ao organismo. São constituídas, essencialmente, por calorias vazias que não correspondem a qualquer
tipo de benefício para a saúde.
Quantos cafés podemos consumir diariamente?
As várias referências bibliográficas
consultadas apontam entre 3 a 4 cafés diários. Quanto ao produto em si, o café, o ideal é optar pelas variedades orgânicas e de cultura biológica. Os
tipos de café mais convencionais são concebidos em meio químico, com recurso a
pesticidas, potencialmente perigosos para a saúde. Por outro lado, deve ser
preparado por meio de filtração e não expresso. Assim, consegue-se uma maior
concentração de antioxidantes.
Beber café ajuda a emagrecer?
Quando consumido de forma moderada e
associado a bons hábitos de vida, o café revela-se como uma ferramenta no que à
perda de peso diz respeito. Sendo um estimulante, acelera o metabolismo,
permitindo ao organismo gastar mais calorias. Por outro lado, como já foi
referido, a presença da cafeína faz mobilizar maiores quantidades de ácidos
gordos, os quais podem ser utilizados como fonte de energia. Contudo, atenção
às quantidades de açúcar!
E açúcar? Podemos adicionar?
Depende. A bibliografia não é conclusiva
relativamente a esta questão. Dizem
os verdadeiros apreciadores que o café deve beber-se sem açúcar, para melhor
saborearem o seu paladar. Mas, a maioria gosta de um toque mais doce. O mais correto será, pois, estabelecer um
equilíbrio entre o número de cafés consumidos diariamente e a quantidade de
açúcar adicionada. Para quem toma mais de três cafés,
parece um pouco exagerado se colocar sempre um pacote de açúcar, certo?! O ideal será dividir um pacote de açúcar
(aproximadamente), pela totalidade dos cafés. Já antes de um treino, podemos
colocar o pacote de açúcar na sua totalidade.
E se em vez de açúcar for adoçante?
Referências:
AZEVEDO, S. Café pode melhorar desempenho no exercício físico
BANCO DE SAÚDE. Adoçantes
"CABULOSO". O café engorda ou emagrece - Para emagrecer
SILVA, M. Os efeitos da cafeína relacionados à atividade física: uma revisão
VELOSO, S. O consumo de café segundo Charles Poliquin
VISÃO. Prós e contras do café
ZERO HORA. Café antes de exercício físico acelera queima de calorias.
Tema sugerido por Bruno Rama - Texto revisto por Elsa Santos
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