quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Saúde da Coluna Vertebral

Chegando o Inverno e as temperaturas baixas, o corpo recente-se e, em muitos casos, o flagelo das dores osteo-articulares é tal que as pessoas vêem-se obrigadas a recorrer a ajuda médica para conseguir contornar o desconforto que sentem (não só pela componente dolorosa mas também por ser incapacitante). A fragilidade do organismo ou lesões mal curadas fazem parte das principais causas que motivam esse mau-estar. No entanto, a verdade é que, em muitas ocasiões, somos os principais responsáveis pois sujeitamos o corpo a factores de risco, negligenciado atitudes preventivas que são do conhecimento geral.

Todos sabem da importância da prevenção mas a maior parte descura-a por completo no quotidiano. É tão natural como inconsciente. Contudo, é de qualidade de vida que se fala quando o principal objectivo é conseguir ser saudável até sermos "avós". Enquanto se está no auge da juventude, o corpo tolera a maior parte do stress a que é sujeito mas determinadas regiões podem começar a ressentir-se ainda em idades precoces. Assim, incorre-se o risco de desenvolver processos patológicos bem mais complexos do que seria de esperar nestas idades. 

Existem factores determinantes que ditam parte da saúde do nosso organismo. Exemplos disso são a idade, a não prática de exercício físico e postura incorrecta. Infelizmente, quanto à idade, pouco ou nada se pode fazer a não ser ter alguns cuidados. É um processo natural a que qualquer ser vivo está sujeito. No que ao sedentarismo e a má postura diz respeito, facilmente se pode converter esse cenário em algo favorável  bastando apenas investir algum tempo e esforço numa reeducação exemplar. Praticar exercício físico regularmente comporta benefícios a vários níveis, como já se sabe. E, ao contrário do que se pensa, não é necessário sofrer em treinos longos e bastante intensos para se conseguir melhorar a condição física e, consequentemente, contribuir para uma melhoria da saúde corporal e mental. 

Cada 1€ gasto em exercício físico na juventude, são 3€ poupados em saúde na velhice

Não obstante à prática de actividade física e ao factor biológico inerente ao envelhecimento, muitas vezes é na má postura que reside a principal lacuna que contribui para situações que possam colocar em risco a nossa estrutura músculo-esquelética. Quantas vezes, seja em casa, na rua ou no ginásio, não se observam pessoas a levantarem grandes cargas sem qualquer tipo de cuidado? Obviamente, mais tarde ou mais cedo, a estrutura que nos suporta cede e acabará por não resistir às elevadas pressões que se colocam sobre ela. Normalmente, quem "paga a fatura" é a coluna. 

Levantar cargas demasiado pesadas a partir do chão, movimentos cíclicos ou passar demasiado tempo sentado contribui para a degradação da saúde da coluna vertebral. Sabiam que é quando estamos sentados que a gravidade exerce mais força sobre a coluna? Não havendo preocupação em adoptar uma postura correta, estamos a contribuir para uma atitude hipercifótica. Até surgirem dores na coluna é um pequeno passo e é a região lombar que mais sofre. É sobre a coluna lombar que assenta a grande parte do peso corporal e onde reside a maior quantidade de movimento. 

Consegue-se compreender o quão desconfortável e "perigoso" é trabalhar 8 horas do dia sentado? 

O peso corporal excessivo é, também, um excelente contributo para esforços redobrados por parte da coluna vertebral. Ergue-se, mais uma vez, a importância de manter um peso saudável e níveis de massa muscular razoáveis. Uma estrutura músculo-esquelética reforçada permite uma distribuição proporcional da carga por todos os segmentos que estruturam o nosso organismo (músculos, ligamentos, tendões, ossos, articulações). 

Será que começamos a perceber onde estamos a falhar?

Para que se tenha uma noção, as doenças degenerativas da coluna representam a maior parte das patologias que obrigam as pessoas, em idade laboral, a abdicar da vida profissional motivadas pela incapacidade física. Como é possível constatar, os dados não são referentes a populações idosas onde estes casos são mais comuns. É importante começar a olhar pela saúde o quanto antes pois a vida é uma maratona, não um sprint e nós ainda estamos longe da meta!

Entre as principais patologias, destacam-se as hérnias discaisescoliose e espondilartrose

Como no treino e na alimentação, também manter uma boa postura exige esforço, disciplina e educação. É pertinente ter sempre presente a importância de manter os alinhamentos correctos do corpo: em pé, sentado, deitado, ao levantar cargas, deslocar, etc. Assim, além de melhorar a saúde da coluna, contribui-se, de forma activa, para uma prevenção eficaz visando a minimização de factores de risco e incidência de lesões.

O que podemos fazer para melhorar a saúde da nossa coluna vertebral?

- Aulas como Pilates, Yoga ou Body Balance são um excelente contributo. Além de serem relaxantes, incidem o treino sobre músculos posturais;

- Ao sentar, apoiar bem as costas (formar um ângulo de 90º entre o tronco e as pernas);

- Para quem trabalha com o computador, colocar o monitor quase ao nível dos olhos. Ajuda a evitar a flexão do tronco à frente ("corcunda");

- Fazer uma pausa de x em x tempo, levantar da cadeira e espreguiçar. A coluna agradece;

- Usar uma bola suiça em vez da cadeira. Além de ser mais confortável para manter as costas direitas, obriga a que os músculos estabilizadores estejam sempre contraídos;

- A caminhar em plano ou a subir escadas, evitar inclinar o tronco à frente; 

- Em pé, manter coluna erecta com peito aberto, ombros para trás e abdominal contraído;

- Dividir a carga em partes iguais pelos dois braços;

- Ao levantar cargas a partir do chão, dobrar as pernas em vez das costas;

- Peso corporal saudável;

O frio não ajuda mas não o culpem!

Não se esqueçam! O que parece confortável para o corpo, pode ser prejudicial para a coluna!

Obrigado Elsa!

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Quanto tempo deve durar o treino?

A importância de manter bons níveis de atividade física e bons hábitos alimentares já é do conhecimento de todos. Aos poucos, começa-se a ter alguma noção do que é essencial incluir ou abdicar no dia-a-dia, no que às duas áreas diz respeito.

A moderação é sempre a melhor opção. Quando a dedicação se converte em obsessão, mesmo o que é tido como recomendável, passa a ser prejudicial. Pecar pelo excesso não é aconselhável nem tampouco saudável, seja para o "bem" ou para o "mal".

Quando se toma a iniciativa de mudar o estilo de vida, é natural que a ânsia de obter resultados num menor espaço de tempo faça algumas pessoas entrar num modo obsessivo. Nesse sentido, e porque é frequente observar pessoas que passam horas e horas no ginásio, tentaremos perceber qual será o tempo ideal que um treino deverá ter.

Quanto tempo deve durar um treino?

A pessoa em causa bem como os objetivos ou a experiência de treino são fatores que influenciarão a resposta. À partida, colocamos de parte todos aqueles que usam a atividade física como forma de sustento (profissionais). Todos sabemos que ser "desportista" não visa, propriamente, a prática de atividade física como meio para alcançar uma melhor qualidade de vida. Como tal, não enveredaremos por esse caminho.  

Se é uma pessoa iniciada, sem experiência, que nunca fez atividade física ou que está inativa há demasiado tempo, é importante que, nos primeiros tempos, os treinos sejam de duração reduzida. Em primeiro lugar, por uma questão de condição física e, de seguida, pela motivação. Sujeitar uma pessoa que abandonou o sofá e a televisão recentemente a treinos demasiado extensos/exigentes, além de provocar um desconforto desmedido nos primeiros dias, o mais certo é que pense duas vezes quanto à necessidade de sofrer e investir tanto tempo para conseguir obter resultados (meio caminho percorrido para a desistência). Como tal, uma sessão com a duração até 60 minutos será o ideal ("cárdio" e resistência muscular em circuito). É importante ter em conta o perfil motivacional e ajustar o plano de treino em função de cada pessoa.   

Para pessoas que já possuam experiência de treino, o princípio da duração do treino será semelhante. Optar por rentabilizar melhor o treino com predominância de exercícios de intensidade moderada e/ou alta fará aumentar os resultados sem que se tenha despender tempo desnecessário. 

É importante ter em conta os objetivos e motivações pelos quais as pessoas se regem. Não obstante ao que as faz treinar (emagrecer, manter ou ganhar massa muscular), a indicação é a mesma: 45 a 60 minutos. O que se altera, no fundo, será apenas a metodologia de treino. Treinos demasiado longos são sinónimo de baixa intensidade (doutra forma não conseguiria aguentar 2 ou 3 horas no ginásio, certo?). Optando por um treino curto mas intenso, a pessoa vê resultados mais rápidos. Maior gasto calórico e maior utilização de gordura como substrato energético no pós treino. Vamos continuar a passar horas no ginásio? Se calhar é uma boa altura para reformular os planos de treino! 

O que foi mencionado resume-se apenas a recomendações. Obviamente, existem casos em que os treinos terão que durar mais algum tempo, como por exemplo, para quem treina duas a três vezes por semana, com um ou dois dias de intervalo entre sessões.  

Ainda assim, treinos longos já não são se traduzem em maiores resultados. É importante perceber que quantidade não significa, necessariamente, qualidade. Já se provou que, no que à efetividade diz respeito, treinos como HIIT ou TABATA, são tão ou mais eficazes que os treinos convencionais de ginásio e caracterizam-se pela alta intensidade, curta duração e treino intervalado.

Um exemplo de treino cardiovascular por intervalos:


A questão adquire o mesmo contorno quando se fala em hipertrofia muscular. A fisiologia do esforço é a base do fundamento para tornar este tipo de treino o mais curto possível. 

Bases científicas têm vindo a comprometer a eficácia dos treinos de aumento de massa muscular demasiado longos. Com o aumento do stress muscular, adjacente a um treino com cargas elevadas, os níveis de testosterona vão diminuindo enquanto os de cortisol vão aumentando. Nesse sentido, estamos a colaborar erradamente para um maior catabolismo ("destruição" de massa muscular). Além de se verificarem perdas no rendimento físico, os períodos de recuperação de treino para treino vão aumentar. Se a pessoa treinar todos os dias, facilmente perceberá do que estamos a falar. Os níveis de fadiga acumulados aumentam e os progressos serão cada vez menos significativos. Por outro lado, é importante ter em conta a segurança. Treinos que exijam tal intensidade, ao tornarem-se demasiado longos, contribuem para o aumento do risco de lesão devido ao desgaste implícito na atividade. Assim, mais uma vez se reforça o princípio de tornar este tipo de treino o mais curto possível.  

O que as pessoas preferem não continuar a ouvir é que a base do sucesso continua a residir na disciplina alimentar. Dormimos 8 horas, treinamos 1. Sobram 15 horas do dia. É exatamente nesse período que está o (de)mérito das nossas conquistas. Faz sentido investir duas a três horas do dia fechados no ginásio para se continuar a não obter resultados, fruto dos nossos erros e falta de força de vontade? Treinar assume um grande papel de destaque no caminho que se tem de percorrer até alcançar as metas mas o principal foco não está na duração dos treinos mas sim na disciplina fora do ginásio (alimentação e descanso), tanto para emagrecimento como para aumento de massa muscular.

Obrigado Pedro Santos!  

sábado, 2 de novembro de 2013

O que comer antes do treino?

Nos dias de hoje, nem sempre se consegue reunir as condições necessárias para otimizar os treinos. Seja um dia de trabalho cansativo ou um treino a horas em que a maior parte dos mortais ainda dorme, a verdade é que nem sempre nos sentimos com energia para conseguir fazer render o treino. Por consequência, os níveis de motivação baixam e, até à desistência total, pode ser um pequeno passo. 

Numa tentativa de melhorar o rendimento físico e aguentar o esforço por um maior período de tempo, frequentemente somos abordados com a questão:

O que posso/devo comer antes de um treino para ter energia?

Antes de mais, é importante frisar que comer antes de um treino é ponto não negociável para quem ambiciona ter resultados e um bom desempenho físico (principalmente treinos de alta intensidade ou de longa duração). Era bom conseguir fazer andar um carro sem combustível, não era? A relação é exatamente a mesma. Mas, que tipo de combustível precisamos nós?

É importante selecionar opções "leves". Uma refeição pesada antes de um treino é sinónimo de possíveis complicações, não só para o rendimento mas também para o bem-estar da pessoa. 

Do ponto de vista nutricional, as escolhas deverão incidir, preferencialmente, sobre nutrientes que permaneçam mais tempo na corrente sanguínea. Assim, os níveis de energia ficam assegurados durante a sessão de treino, evitando eventuais quebras no rendimento. Nesse sentido, os hidratos de carbono assumem o papel de combustível. Além de fonte de energia, ajudam a preservar a massa muscular. Quando o consumo de hidratos de carbono é insuficiente, o organismo faz-se valer das proteínas musculares para conseguir subsistir. Este processo ocorre, frequentemente, quando as pessoas adoecem e não conseguem comer. Basta uma semana nessa condição para o estado de magreza ser bem visível. Na falta de nutrientes, é aos músculos que o organismo vai buscar a subsistência.


Uma vez que já se sabe quais os nutrientes que fornecem energia, é importante que se saiba, também, selecioná-los. Como já foi referido num artigo anterior, o Índice Glicémico (IG)  [Link] dos alimentos deve ser tido em conta. Alimentos de IG alto disponibilizam energia rapidamente. Contudo, também se esgota rápido. Alimentos de IG baixo, não permitem picos de energia tão elevados mas conseguem durar por mais tempo.


Portanto, esmiuçando esta informação, antes de um treino, devemos dar prioridade a alimentos de Baixo Índice Glicémico. Mas quais?

Ao optarmos pelas frutas, morango, maçã, cereja, romã, uva, pêra ou ameixas são as melhores opções. Além de serem ricas em hidratos de carbono de IG baixo, destacam-se pelas vitaminas e minerais, fundamentais nos mecanismos de produção de energia. A banana, apesar de muitos comerem antes do treino, recomenda-se que seja ingerida no pós-treino, auxiliando na reposição energética (devido ao seu alto IG). Se optarmos pelos cereais, os integrais serão a melhor escolha (pão, aveia, arroz ou massas) visto que são de digestão mais lenta. 

Adicionar uma fonte de proteína (atum, carnes brancas ou whey), complementa a refeição, conferindo-lhe maior qualidade nutricional.

E o que devemos evitar comer antes do treino?

Antes de um treino, deve-se evitar  alimentos ricos em fibras ou gorduras. "Atrasam" a digestão e podem causar desconforto gastrointestinal. Se a opção passar pelas frutas, retirar as cascas será uma mais-valia pois são ricas em fibras. De fora devem ficar também os frutos secos. Apesar de serem ricos em calorias e nutrientes, possuem gordura. Apesar de apelativos e fortemente "energéticos", os chocolates e outros doces devem ser evitados.

Quanto ao Timing é importante perceber que a digestão demora e os nutrientes levam tempo até estarem disponíveis na circulação sanguínea. Quanto mais "pesada" for a refeição, mais tempo requererá para que seja feita. Como tal, comer imediatamente antes do treino só é aceitável caso não se tenha conseguido fazer a refeição nas horas antecedentes e/ou por questões da saciedade. Isto porque quando os nutrientes estiverem disponíveis, provavelmente já terá terminado o treino. Tendo em conta o tipo de alimentos e quantidade, recomenda-se que a refeição seja feita entre 45 a 90 minutos antes do treino. 

Se o treino se realizar no período da manhã, o período de jejum noturno deve ser reforçado. Uma panqueca de aveia acompanhada com frutos secos reúne o que de melhor se pode ter numa refeição (claras de ovo, aveia, canela, por exemplo).

Beber meio litro de água 30 minutos antes do treino, além de permitir uma hidratação saudável do corpo para o treino, influencia positivamente o rendimento físico.  

Para quem precisa de uma ajuda extra, o café [Link]é um ótimo estimulante.


Referências:

GUIMARÃES, W. O que comer antes e após o treino de musculação?

OLIVEIRA, V. Menu desportivo

SABINO, M. Que alimentos comer antes do treino?

SEM AUTOR. O que comer antes do treino?

SEM AUTOR. Que fruta comer antes e depois do treino?
http://logon.prozis.com/pt/fruta-antes-depois-treino/

Obrigado Valter!