quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Água - A importância de estar hidratado

Já percebemos que a alimentação saudável e o treino regular são fundamentais para quem ambiciona alcançar objetivos com firmeza. Mas, existe outro fator chave que assume um papel tão ou mais importante quanto os já mencionados, para um bom rendimento físico, assim como para a saúde em geral. Falamos da água e da importância de manter o organismo hidratado. 

Como é já do conhecimento comum, o corpo humano é constituído por cerca de 70% de água. Portanto, é essencial manter o corpo bem hidratado. Além de assegurar o bom funcionamento de todos os orgãos, a água é essencial em vários processos metabólicos e fisiológicos como a regulação da temperatura corporal, eliminação de toxinas do organismo, transporte de oxigénio e nutrientes até às células, entre outros.  

Não hidratar o organismo de forma correta, além de influenciar negativamente o rendimento físico aumenta o risco de desenvolver algumas complicações de saúde que podem agravar-se com o decorrer do tempo. Por exemplo, a pedra nos rins. Esta resulta do processo de filtragem que ocorre nos rins. Se não se verificar uma hidratação constante, os sais e toxinas em excesso no sangue, que serão filtrados, depositar-se-ão nos rins. Ora, se a ingestão de água for suficiente, o processo desenvolve-se com naturalidade evitando que tal aconteça. Mais água, maior excreção de "resíduos". Se for insuficiente, o organismo, para garantir as funções vitais em condições saudáveis, diminui a quantidade de água fornecida aos rins. Assim, não haverá uma remoção tão eficaz das toxinas, tornando a urina muito mais concentrada. Se as toxinas pertencerem ao conjunto das que se depositam e "empedram", dá-se a formação das tais pedras que, dependendo do seu tamanho, poderão obstruir o canal que une os rins à bexiga, provocando dores agudas sobre a região lombar. 

Por outro lado, uma hidratação negligente poderá influenciar e promover a retenção de líquidos (verificando-se alguns queixosos a este nível nos ginásios). O corpo humano, ao sentir o défice de água no organismo, retém o máximo de água possível, para sobreviver. Como não é eliminada por estar em quantidades reduzidas, esta começa a acumular-se entre as células do organismo. As consequências acabam por ser visíveis. O corpo incha - pés, tornozelos, pernas, barriga, mãos - levando a um mau estar e aumento de peso. 

Vamos começar a adquirir o hábito de nos hidratar com frequência?
Acho que sim!

A advertência serve para a população em geral. No entanto, quando falamos de pessoas fisicamente ativas, com profissões que requerem um maior desgaste físico ou que praticam algum tipo de atividade física, a atenção deve ser redobrada. 

Ao exercitar o corpo, o organismo sofre um leque de reações químicas que necessitam da água para que ocorram conforme a normalidade (em repouso também se verificam, mas com menor impacto). Como tal, é importante hidratar o corpo ao longo do dia para que, na hora do treino, se verifique o bom funcionamento do organismo e, consequentemente, um bom rendimento físico, sem colocar em causa a saúde. 

Quem dá por iniciada a atividade física (principalmente de intensidade moderada/elevada) com os níveis de água corporal abaixo dos recomendados, corre o risco de sentir tonturas, mal-estar (desmaio, em caso extremo) ou "ver" a sua frequência cardíaca disparar.
O sangue é constituído, sobretudo, por água. Com o organismo desidratado, o sangue perde água tornando-se mais espesso. Além de outras complicações como tromboses, vai obrigar o coração a ter que redobrar esforços para o conseguir fazer chegar a todo o corpo e dessa forma, o aporte de nutrientes e oxigénio às células será dificultado. Como tal, se o combustível não chegar eficazmente ao nosso "motor", veremos o mesmo perder força e rendimento. 

Então, qual a quantidade de água que deverei ingerir diariamente?

Obviamente que, nesta questão, a quantidade depende de pessoa para pessoa. A profissão, o tipo de atividade física, o clima ou o estado de saúde são fatores a ter em conta. Não obstante, algumas fontes citam que devemos ingerir 35ml por cada quilo de peso que tenhamos (0.035 x Peso). Assim, uma pessoa com 80kg deverá ingerir aproximadamente 3L. Beber 1,5 a 2L por dia é bom se partirmos do princípio que a pessoa, por norma, não ingere a quantidade suficiente. Ainda assim, poderá não chegar, em função das suas necessidades.

Existem, também, alimentos que nos ajudam a hidratar e que, no Verão, podem ser uma opção muito agradável. É o caso de alguns frutos  da época como melão, melancia, meloa ou abacaxi. 

Todavia, é importante não exagerar nos líquidos durante as refeições. Além de provocar desconforto e inchaço abdominal, poderá dificultar a digestão dos alimentos.  

Durante o exercício, água ou bebida isotónica (Powerade®/Gatorade®/Isostar®)?

Quando estamos perante exercícios com duração inferior a uma hora, apenas água será suficiente. Em períodos superiores a uma hora, já se verificam desequilíbrios a nível de sais minerais. Nesse caso, recomenda-se a ingestão de bebidas isotónicas. Além de hidratarem o organismo, ajudaram a repor os hidratos de carbono e os sais minerais. No entanto, tudo dependerá da duração, desgaste e níveis de sudação associados ao tipo de treino. 

Como saber se estou bem hidratado?

Antes de mais, é importante salientar que devemos ingerir líquidos mesmo antes de sentir sede. Sentir sede, indica que o organismo já se encontra desidratado. A forma mais usual de perceber se nos encontramos bem hidratados é através da cor da urina. Quanto mais transparente, melhor.

Em suma, é importante ajustar o consumo de líquidos ao nosso quotidiano. Sair de casa com uma garrafa de 1.5L será uma boa estratégia para manter uma boa hidratação ao longo do dia. No que respeita aos treinos, recomenda-se o consumo antes, durante e após. Não existe nenhuma quantidade específica mas a minha recomendação é de 500ml duas horas antes, 500ml durante e 500ml após o treino. As idas à casa de banho passarão a ser rotina frequente mas, na verdade, é por uma "boa causa", não?! 


Referências:

ALCÂNTARA, I. A importância de beber água

BATISTA, T. A importância da água na nossa saúde

DIÁRIO DIETA DOS 31 DIAS. A importância de beber água.

SABINO, M. A importância da hidratação no desporto

domingo, 25 de agosto de 2013

Índice Glicémico: O que é?

Quando o assunto é alimentação, há vários fatores a ter em conta se pretendemos torná-la o mais saudável possível. Optar por alimentos pouco ou nada processados, fruta, legumes, leguminosas e água, constitui um dos princípios básicos no processo de seleção. Contudo, por ser natural ou dizer Magro/Light, não quer dizer que seja sempre a melhor escolha. Apesar de nos interessarmos apenas pelas calorias, é importante analisar a distribuição de macronutrientes - hidratos de carbono/açúcares, proteínas e gorduras - vitaminas, sais minerais, fibras, etc. Existe, ainda, outro elemento chave quando o objetivo é, por exemplo, emagrecer. Falamos do Índice Glicémico (IG).

Índice Glicémico: O que é?  

O termo não será estranho para a maioria. Já, algures, todos ouviram falar em IG. Mas, a maioria desconhece em que consiste, concretamente, e qual a sua importância. No mundo do Fitness, esta questão tem vindo a ganhar grande importância dados os benefícios implícitos na boa gestão alimentar em função do IG. 


O Índice Glicémico (IG) é a forma de medir a rapidez com que os alimentos ricos em hidratos de carbono fazem subir os níveis de glicose (açúcar) no sangue, após serem ingeridos

O IG dos alimentos é classificado numa escala de 0 a 100 e, mediante esse valor, denomina-se por baixo, moderado e alto: IG Baixo - valores entre os 0 e 55; IG Moderado  - entre 56 e 70; IG Alto - superior a 71. Nesta 'Tabela' é possível comparar o IG de diversos alimentos incluídos na nossa cultura alimentar. Mas, existem outras disponíveis à distância de um click 

Alimentos de IG alto, contêm hidratos de carbono de digestão rápida e fácil e caracterizam-se por elevarem rapidamente os níveis de açúcar no sangue, diminuindo de forma igualmente rápida. Alimentos de IG reduzido, são constituídos por hidratos de carbono de digestão lenta e fazem com que os níveis de açúcar no sangue aumentem de forma gradual, sem alcançar níveis elevados. (ver figura 1)

Figura 1: Níveis de açúcar no sangue em função do índice glicémico

Sem necessidade de recorrer a grandes evidências científicas, rapidamente percebemos que optar por alimentos de IG baixo fará com que se cumpram os requisitos de uma alimentação saudável, além de contribuir para a diminuição do risco de desenvolver patologias do foro cardiovascular ou diabetes.

Quando a questão é a perda de peso, é ponto não negociável abdicar, quase na totalidade, de alimentos com alto IG. Optar por baixos níveis de IG ajuda, também, a controlar o apetite e a aumentar a sensação de saciedade por mais tempo. 

Todavia, muitas vezes julgamos estar a fazer as escolhas alimentares mais acertadas quando, na verdade, por falta de conhecimento, acabamos por cometer alguns erros. Um dos exemplos mais comuns é o consumo de grandes quantidades de fruta. Apesar de serem mencionadas como "saudáveis", algumas frutas possuem grandes quantidades de açúcar, daí a chamada de atenção para a seleção alimentar ponderada!

Ainda assim, alimentos de elevado IG são importantes em determinadas fases do dia, nomeadamente ao pequeno-almoço, antes e depois do treino. Relativamente ao treino, antes do mesmo servirá como energético e depois ajudará na reposição das reservas glicolíticas (sendo importante ingerir juntamente com uma fonte de proteína). A partir do lanche da tarde, recomendam-se alimentos de baixo IG. Além do metabolismo abrandar com o findar do dia, evitam-se picos de insulina desnecessários. O ideal é que os "pecados" alimentares sejam feitos sempre no período da manhã. Assim, serão desgastados gradualmente ao longo do dia e, é nesta fase que o nosso metabolismo está mais ativo.

Além da diferença entre alimentos, existem outros elementos a ter em conta. A forma como são cozinhados, processados ou o estado de maturação (fruta), pode influenciar o seu IG. Por exemplo, a banana, quanto mais madura, maior será o seu IG. 
  
Nem sempre é possível contabilizar, de forma rigorosa, o IG dos alimentos, visto não serem consumidos isoladamente como acontece, por exemplo, nas grandes refeições em que, além de cozinhados, misturam-se com outros ingredientes. O teor de gordura e proteína também desempenham um papel importante sobre esse valor. Por exemplo, as batatas fritas têm um IG mais baixo que as batatas cozidas sem adição de gordura  (boas notícias, não? Mas cuidado com os excessos!)

Em Portugal, as informações a este nível carecem de maior destaque. Os valores nutricionais que constam nas embalagens dos alimentos não fazem referência ao IG dos mesmos, coisa que já se verifica em alguns países onde a prevalência de obesidade na população é elevada. Assim, é natural que as pessoas não desenvolvam a capacidade de selecionar os alimentos de acordo com o seu índice glicémico, visto que não são estimuladas nesse sentido.   

Em suma, as recomendações passam por evitar as gorduras saturadas optando, preferencialmente, pelas saudáveis (azeite, frutos secos ou peixes gordos). É importante ser seletivo nas escolhas dos alimentos de baixo IG visando a qualidade, dado que mesmo alguns chocolates apresentam baixo índice glicémico. Além dos benefícios cardiovasculares, dar relevância à informação sobre o IG dos alimentos é um passo importante para quem procura uma vida mais saudável, devendo, para isso, aliar a “boa mesa” à prática de atividade física regular.

Referências:

ALIMENTÍCIAS-PORTUGAL. Índice glicémico, dieta IG e alimentação saudável

ROSA, A. Índice glicémico

TABELAS DE ÍNDICE GLICÉMICO


ZANIN, T. O índice glicémico

Texto revisto por Elsa Santos

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Ovos - Colesterol, culpados ou inocentes?

Hoje em dia e cada vez mais, existe informação com base científica que corrobora muitas teorias utilizadas que não passam de mitos no que ao ginásio e nutrição dizem respeito. O que é certo hoje, a médio prazo poderá  deixar de ser.

Quem busca resultados consistentes nos ginásios sabe (deveria saber) que é ponto não negociável aliar o treino com a alimentação, tanto em quantidade como em qualidade. Nesse sentido, quem encara esta questão com maior seriedade e dedicação, vê-se obrigado a regrar a alimentação no que toca à seleção dos tipos de fontes de macronutrientes (gorduras, hidratos de carbono e proteínas). Seguindo essa linha de raciocínio, apesar de todos terem a mesma relação de importância na manutenção de um organismo saudável, são as proteínas que ganham maior destaque, principalmente para os aficionados da musculação. Estas podem ser encontradas em fontes processadas (suplementação) ou de "proveniência" natural (carne, peixe, leite, ovos, etc.). 

Hoje, o foco vai para os ovos, um alimento presente na nossa cultura alimentar e que, durante muito tempo, viu a sua imagem distorcida por ser considerado um alimento prejudicial para a saúde.

Quantas vezes já ouvimos criticar o consumo diário de ovos ou a ingestão de dois ou três, de uma só vez? Desconfio que, na maior parte dos casos, as pessoas encaram o consumo de ovos como algo nocivo para a saúde associando, principalmente, a problemas relacionados com fígado e rins mas, sobretudo, com o excesso de colesterol

Mas, serão os ovos assim tão prejudiciais para a saúde?

Durante bastante tempo, os ovos foram vistos como autênticas bombas de colesterol para o organismo. Os benefícios eram tão reduzidos face aos malefícios que a sua ingestão era desaconselhada por completo ao ponto de se conseguir calcular o tempo de vida "perdido" por cada gema comida. Felizmente, os tempos são outros e a ciência desenvolveu-se. Por todo o mundo, realizaram-se estudos no sentido de verificar se as teorias estavam certas e se os ovos faziam assim tão mal como se dizia. Como seria de esperar, estavam erradas!

Os resultados revelados pelos estudos eram/são cada vez mais expressivos. A sua imagem foi reabilitada e conquistou uma relevância digna de destaque no quotidiano de todos nós, principalmente para atletas e utilizadores de ginásio que viram a possibilidade de incluir mais um alimento rico vitaminas lipossolúveis, minerais, aminoácidos e gorduras essenciais (tanto nas claras como nas gemas) no seu cardápio sem colocar a saúde em risco. Vamos então reabilitar a fama do ovo!

Relativamente à nutrição humana, existe a designação de valor biológico [Link]. O valor biológico expressa a comparação dos níveis de absorção dos nutrientes contidos nos alimentos por parte do organismo. Esta comparação é feita, principalmente, a nível proteico e, quanto maior for esse valor, mais aminoácidos e nitrogénio o organismo reterá.

Assim, ao comparar com outros alimentos (excluindo a que provem de suplementação), o ovo é a fonte de proteína que apresenta o valor biológico mais elevado:



Contudo, apesar das vantagens associadas ao consumo moderado de ovos, sempre fomos habituados a comer duas ou três unidades por semana pois a ingestão excessiva era automaticamente associada a aumentos significativos de colesterol. Mas, será que o consumo de ovos diariamente influencia o aumento colesterol?

A resposta é não, mesmo tratando-se de um alimento rico nesse aspeto. Apenas um terço do colesterol total é proveniente de fontes dietéticas sendo que os restantes dois terços provêm, essencialmente, das gorduras saturadas.

É importante salientar a divisão em LDL (vulgarmente denominado de "mau colesterol) e HDL ("bom colesterol"). O LDL e HDL referem-se às lipoproteínas de baixa e alta densidade, respetivamente. Estas estruturas formadas pela união química entre proteína e gordura, são responsáveis pelo transporte de gorduras na corrente sanguínea, uma vez que não se dissolvem na água. Como tal, tanto o LDL como o HDL não são o colesterol mau ou bom mas sim o meio de transporte do colesterol pela corrente sanguínea.

Num estudo realizado em Março de 2013 (com contornos semelhantes a outros realizados no passado), indivíduos consumiram 3 ovos inteiros por dia, durante 12 semanas. Os resultados foram claros. Verificou-se uma clara melhoria no perfil lipídico de cada um: redução dos triglicéridos, redução do LDL e aumento do HDL. Cai por terra mais um mito. Comer ovos diariamente não é prejudicial à saúde cardiovascular.

Contudo, é de realçar a importância da dieta, mais concretamente da ingestão de hidratos de carbono, dado que são a principal causa do aumento dos níveis de "mau colesterol" quando consumidos em excesso (sendo armazenados sob forma de gordura no corpo). Quando se pensa em "combater" o colesterol, o mais lógico é cortar imediatamente nas gorduras. No entanto, um estudo publicado em 2004 mostrou que uma dieta pobre em hidratos de carbono é bem mais eficaz que uma dieta pobre em gorduras quando se visa o melhoramento do perfil lipídico da pessoa.

Ainda assim, o consumo de ovos deve ser especialmente moderado para aqueles que já sofram ou possam vir a desenvolver fatores de risco para doenças cardiovasculares. Apenas nesses casos, o colesterol contido na gema do ovo poderá ser prejudicial para a saúde. 

Referência:

BLESSO et al. Whole egg consumption improves lipoprotein profiles and insulin sensitivity to a greater extent than yolk-free egg substitute in individuals with metabolic syndrome
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23021013

CORPO PERFEITO. Valor biológico: comparando diferentes tipos de proteína
http://www.corpoperfeito.com.br/artigo/visualizacaoartigo.aspx?idartigo=48

SABINO, M. Os ovos aumentam o colesterol?
http://tafitness.net/ovos-aumentam-colesterol/

SHAI, I. et al. Weight loss with a low-carbohydrate, mediterranean, or low-fat diet
http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa0708681

VELOSO, S. A minha experiência com ovos - Mais sobre os ovos e o colesterol... E quando não sou eu a comer 3 por dia? 
http://www.fat-new-world.com/2013/03/a-minha-experiencia-com-os-ovos.html
http://www.fat-new-world.com/2013/04/mais-sobre-os-ovos-e-o-colesterol-e.html

domingo, 18 de agosto de 2013

Mulheres - O que acontece quando treinam "pesado"?

Hoje em dia, como é do conhecimento geral, existem várias formas de treinar o corpo. De acordo com os motivos e objetivos que nos levam a treinar, facilmente encontramos várias soluções e metodologias de treino diferentes. Podem ser utilizados o peso corporal, materiais inovadores, metodologias de treino da pré-história, etc.  

No entanto, em contexto de Health Club, onde a maior parte das pessoas procura resultados  como emagrecer, tonificar, aumentar massa muscular e definir, nota-se que ainda vigoram ideias, há muito, ultrapassadas. Por mais que as evidências científicas reforcem as metodologias, a falta de conhecimento da parte dos praticantes de ginásio faz com que continuem um passo atrás.

Assim, e como este é um assunto recorrente, pareceu-nos importante abordar a relação entre a mulher e o treino.

"Quero treinar mas não quero ficar como os homens!"

Um dos maiores receios do público feminino que frequenta o ginásio é que o seu corpo alargue e se desenvolva, à semelhança do que se verifica nos homens. É deveras difícil fazer crer que não é bem assim. Vamos, por isso, tentar desmistificar um dos maiores mitos da musculação.

"As mulheres que treinam 'pesado' crescem como os homens?"

Quando se fala de treino e mulher, o mais comum é que muitas pessoas associem ao tema uma imagem típica do culturismo, de um corpo demasiado musculado e pouco feminino. No entanto, para chegar a esse nível, é necessária uma rigorosa disciplina, no que respeita ao treino e à alimentação. Mais relevante ainda é a presença de fatores externos – esteroides - que influenciam o crescimento do corpo que, no caso das mulheres, se revela mais difícil, dada a ausência total ou em pouca quantidade de alguns componentes fundamentais.   


É fundamentalmente uma questão hormonal, aquilo que torna, inevitavelmente, o organismo feminino diferente do masculino. Como tal, visto que a mulher produz uma quantidade muito reduzida de testosterona (uma das principais hormonas com influência sobre o aumento de volume muscular e outros traços tipicamente masculinos), quando comparada com o homem (20 a 30 vezes menos), os ganhos de massa muscular serão muito reduzidos. Assim, trabalhar com carga, no sexo feminino, não só ajuda a tornar o corpo tonificado, definido, livre de celulite, como ainda ajuda a emagrecer (acelera o metabolismo fazendo com que se gastem mais calorias em repouso). 

A hormona predominante no sexo feminino é o estrogénio. Além de outras funções, tem implicância direta sobre outros mecanismos hormonais. Sucintamente, o estrogénio é a hormona que faz inverter os efeitos adjacentes à testosterona. Ou seja, além de controlar a testosterona circulante no sangue também ajuda a reduzir a massa muscular (não sendo propriamente uma "boa notícia").  

Por outro lado, existe a relação do treino físico com as adaptações do organismo. Os treinos de resistência muscular aumentam o nível de testosterona no sangue na mulher mas, no que respeita à produção total desta hormona, apenas no homem existem aumentos realmente significativos. Na verdade, não há metodologias de treino específicas para cada sexo. O que funciona no homem, também funciona com a mulher visto que esta, mesmo não conseguindo adquirir uma grande quantidade de massa muscular, tem o mesmo potencial biológico.

Além disto, a herança biológica adquirida dos nossos progenitores acaba por ter importância significativa no que à forma física diz respeito. Todos nós, certamente, conhecemos alguém que come imenso e nunca engorda, bem como o contrário, de alguém que por mais dietas que faça, nunca emagrece. Falamos, pois, do biótipo: ectomorfo (tendência para ser magro), mesomorfo (tendência para ter um bom desenvolvimento de massa muscular) e endomorfo (tendência para ganhar massa gorda).



Naturalmente, a mulher é diferente do homem. A ideia de semelhança, surge muito pelo contexto culturista implícito na prática de musculação. É natural que utilizadores comuns de ginásio que procuram apenas melhorar a condição física, considerem exagerados os ganhos de massa muscular, tanto em homens como em mulheres. Daí, facilmente as mentalidades saem deturpadas. Tais corpos, como já foi referido, apenas se conquistam com muitas horas de treino e regime alimentar severo. Mas, sobretudo, conseguem-se e sustentam-se pela utilização de substâncias como esteroides anabolizantes (drogas) que permitem ao corpo desenvolver-se de uma forma não natural. Além de constituir uma prática ilegal, comporta muitos riscos para a saúde. O caminho mais fácil, por norma, não leva a bom destino! 


Resumindo, por mais que a mulher treine e se esforce, muito dificilmente conseguirá conquistar ganhos de massa muscular semelhantes aos do homem, simplesmente porque as hormonas não o permitem. Para que tal acontecesse, seria necessário recorrer a substâncias ilícitas, bastante afamadas no mundo do culturismo, tanto nos homens como nas mulheres.

É importante cumprir um plano de musculação, devidamente prescrito, para que se consiga tonificar o corpo e mesmo, caso necessário, perder peso de forma consistente e saudável. É de evitar despender demasiado tempo com exercícios aeróbios. O treino cardiovascular (passadeira, elítica, bicicleta, etc.), a curto prazo, comporta resultados rápidos mas, a longo prazo, revela-se um tipo de treino pouco eficaz na tonificação muscular e no combate à flacidez do corpo. O combate a "problemas" como a celulite, faz-se com treinos intensos de resistência muscular. 

Meninas, vão continuar a achar que ficam como homens se treinarem "a sério"?!


Referências:

BASTOS, P. Mitos da musculação

CORPO PERFEITO. Mesomorfo, Endomorfo ou Ectomorfo: Qual o seu tipo físico?

DICAS MUSCULAÇÃO. Se uma mulher treinar pesado irá ficar com corpo de homem?

EMAGRECIMENTO.INFO. Será que as mulheres devem treinar como os homens?

MALHANDO CERTO. Se eu treinar pesado vou ficar igual um homem

Texto revisto por Elsa Santos

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Barriga - Cerveja, culpada ou inocente?


As temperaturas aumentam e é no Verão que as pessoas mais lamentam as preguiças características do Inverno - Podia ter ido (mais vezes) ao ginásio! Podia ter cuidado melhor da minha alimentação!  - pelo facto de se exporem perante os outros (na praia, por exemplo). A verdade é que sem ovos, não se fazem omeletes!

Dada a realidade dos tempos que correm, a perceção deixada pelas pessoas que têm por objetivo ser Fit é que basta fazer uma alimentação saudável e treinar durante a semana para que os resultados apareçam. Embora seja nesse sentido, existem pequenos "pecados" que podem deitar por terra uma semana inteira de bons treinos e alimentação saudável. Referimo-nos, portanto, ao fim-de-semana em que, regra geral, se cometem os principais delitos, não só a nível alimentar mas também em relação ao que as pessoas bebem. 

Normalmente, os fins-de-semana caracterizam-se pelos jantares em grupo e vida noctívaga. Por norma, acarretam hábitos pouco saudáveis como comer em grande quantidade com pouca qualidade nutritiva e beber em excesso. Assim, o destaque vai para o consumo de bebidas alcoólicas e, como estudos recentes revelaram que a cerveja é a bebida mais consumida pelos jovens portugueses, é sobre ela que vamos falar.

Como o calor e o Verão convidam a praia e roupa prática durante o dia e a noite, acabamos por expor mais o nosso corpo e aí qualquer um tem a perceção do esforço e tempo que investimos durante o Inverno para aparentar melhor forma física. Contudo, tanto adolescentes como adultos, que têm um perímetro abdominal acima do desejado e consomem bebidas alcoólicas habitualmente, é frequente ouvir-se: "É da cerveja!". Portanto, segundo eles, estamos perante a principal causa do aparecimento de "barriga" (ou não!).

Quando se mencionam calorias, o mais natural será pensar em fast food, pratos fartos de comida rica em molhos, temperos e sal, doces e refrigerantes. Contudo, desconfio que a ingestão de líquidos é subestimada, principalmente, quando falamos de bebidas alcoólicas. Apesar de associarmos calorias apenas ao consumo de alimentos sólidos, é importante mencionar que o álcool tem uma elevada carga calórica. Em termos práticos:


Assim, torna-se percetível que uma noite "recheada" de excessos alcoólicos tenha tanto impacto a nível calórico como se de uma refeição "pesada" se tratasse. Para termos uma pequena ideia:


Começamos a ter uma noção das calorias que são ingeridas numa noite  de excessos, não?

Mas será a cerveja a principal culpada pela "barriga"?

Ao chegar ao estômago, a cerveja inicia o seu processo de fermentação fazendo-o expandir. Com isso, verifica-se um aumento do volume abdominal mas que é momentâneo. Como os depósitos de gordura do homem se encontram "alojados", essencialmente, sobre a região abdominal, rapidamente se estabeleceu a relação entre o consumo de cerveja e o aumento da barriga. 

Boas notícias para os verdadeiros amantes desta bebida. Não existem evidências científicas que confirmem essa teoria, bem pelo contrário. A cerveja, quando consumida com moderação, não tem qualquer implicância no aumento do volume abdominal a longo prazo e ainda traz benefícios para a saúde. Portanto, estamos perante mais um mito prestes a ser desmistificado! 

No que respeita a calorias, ao contrário do que as pessoas julgam, a cerveja é das que apresenta menor carga calórica. Basta comparar na tabela que um copo de 200 ml tem menos kcal que um simples shot (42 ml) de qualquer outra bebida branca. No entanto, esta questão corrobora-se facilmente pela relação preço/quantidade, fazendo com que se consuma muito mais cerveja que qualquer outra bebida branca. Daí surge a necessidade de alertar, mais uma vez, para o consumo moderado.

Relativamente a benefícios, investigadores associaram o consumo de cerveja a melhorias da condição óssea e cardiovascular dado que a interação entre o álcool e o silício presente nesta bebida não só inibe a "fuga" de cálcio dos ossos como ainda promove a formação óssea além de aumentar o bom colesterol.

Outro estudo revelou que o consumo de cerveja, quando aliado a um plano alimentar equilibrado e prática de atividade física, ajuda no emagrecimento e reduz a probabilidade da pessoa contrair diabetes e hipertensão (e, neste caso, a amostra consumia perto de meio litro por dia).


A cerveja possui baixo grau de álcool, não tem açúcar e é constituída por mais de 90% de água permitindo a hidratação do organismo. Se a "aliarmos" com um prato pequeno de tremoços e amendoins (com casca), obtemos uma combinação perfeita rica em ácido fólico, vitaminas, (B1, B3, B6, E, K, ferro e zinco), proteína, fibra, cálcio e gorduras saudáveis provenientes dos frutos secos. Em conjunto, ajudam a melhorar o funcionamento intestinal, controlar a glicémia no sangue e a diminuir os níveis de colesterol e triglicerídeos. 

Como tal, beber uma ou duas cervejas diariamente comporta benefícios diversos para a saúde humana e, esteticamente falando, em nada prejudica a forma física das pessoas. Não obstante aos benefícios, é importante referir que as bebidas brancas consumidas com mais frequência apresentam uma elevada carga energética e facilmente se exagera na ingestão calórica se não for tido em conta as quantidades ingeridas. Nesse sentido, acabamos por desperdiçar uma semana de esforço e dedicação! 


Referências:

FATSECRET - Informação Nutricional 
http://www.fatsecret.pt/

LUSA/SOL. A cerveja é a bebida alcoólica mais consumida por jovens portugueses
http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=68641

BOBAK, M., SKODOVA, Z. and MARMOT, M. Beer and obesity: a cross-sectional study
http://www.nature.com/ejcn/journal/v57/n10/abs/1601678a.html

PINTO, S. A cerveja afinal não engorda... Até pode emagrecer
http://www1.ionline.pt/conteudo/98239-a-cerveja-afinal-nao-engorda-ate-pode-emagrecer

TVI 24. A cerveja afinal não faz barriga
http://www.tvi24.iol.pt/acredite-se-quiser/cerveja-ultimas-noticias-barriga-oms-tvi24/1397667-4088.html

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Por que razão devemos comer de três em três horas?

Ao contrário do que a maior parte das pessoas julga, para conseguir atingir  objetivos como emagrecer ou ganhar massa muscular, não basta frequentar o ginásio x vezes por semana e treinar y horas por dia. A base de todo o sucesso centra-se, fundamentalmente, em bons hábitos alimentares diários.

No entanto, continuam a verificar-se erros em relação aos hábitos alimentares praticados por parte de quem ambiciona perder aqueles "quilinhos" a mais e não pretende investir num acompanhamento nutricional especializado. Por norma, essas pessoas, além de privarem o organismo das quantidades mínimas de macronutrientes (hidratos, proteína e gordura) necessárias para o bom funcionamento do organismo, reduzem, também, o número de refeições. Esquecem-se que não existem dietas generalizadas à população, colocando de parte fatores como idade, altura, peso e atividade física que determinam os gastos calóricos e as necessidades energéticas/alimentares de cada indivíduo. "Deixar de comer é tudo aquilo que não se deve fazer para emagrecer!" 

Como todos sabemos, existe um conjunto de princípios básicos importantes para a prática de uma alimentação saudável, entre eles, o fazer várias refeições ao longo do dia. Há muito que as recomendações vão no sentido de comer de 3 em 3 horas, o que estabelece uma média entre 5 a 7 refeições diárias.

Mas, por que razão devo comer tantas vezes ao dia?

Independentemente dos objetivos, comer de 3 em 3 horas vai permitir reduzir a sensação de fome, o que vai evitar consumos exagerados de alimentos nas principais refeições, principalmente ao jantar. Ao negligenciar as restantes refeições, é à noite que o nosso organismo se "vinga". O Comer várias vezes permite educar o organismo a utilizar uma menor quantidade de nutrientes dado que, num curto espaço de tempo, é alimentado novamente.

Quando o tempo compreendido entre duas refeições é demasiado longo, o organismo tende a armazenar uma maior quantidade de energia como reserva para que consiga suportar longos períodos de jejum. Ora, como a maior parte das pessoas tem ocupações profissionais sedentárias, o excesso acumulado não é gasto. Por consequência, a taxa metabólica basal (quantidade de calorias que o corpo necessita para manter as suas funções vitais durante 24 horas, em repouso) reduz-se devido à capacidade económica do organismo nestes casos. A médio/longo prazo, com a redução do metabolismo, o mais certo é ganhar peso.

Por outro lado, a sensação de fome provoca ansiedade. Assim, a necessidade do corpo se satisfazer fará com que a emissão de estímulos por parte do cérebro aponte para alimentos que libertam energia mais rapidamente - fast food, doces, pão, etc.

Vamos continuar a fazer poucas refeições depois disto?
(Talvez não!)

Fazer várias refeições ao longo do dia permite, assim, manter o metabolismo acelerado dado que para fazer a digestão também se gastam calorias. Por outro lado, ingere-se uma menor quantidade de alimentos de cada vez.

E porquê de 3 em 3 horas?

Cada refeição leva, em média, três horas a ser digerida. Além de disponibilizar nutrientes de forma contínua ao organismo, permite manter bons níveis de energia, atenção/concentração e bem-estar. Como as quantidades consumidas são inferiores, a ingestão será adequada às necessidades do corpo evitando que os excessos se acumulem e se reflitam no aumento de massa gorda/peso.
Ajuda, também, a prevenir o catabolismo muscular [Link], visto que todos os nutrientes e aminoácidos necessários serão provenientes dos alimentos ingeridos. Estes permanecem na corrente sanguínea durante três horas, sensivelmente. Estando em falta (nutrientes e aminoácidos), os músculos passam a ser a principal fonte de subsistência do organismo fazendo com que se perca massa muscular e, consequentemente, se reduza o metabolismo. Isto pode originar a perda de peso nos primeiros tempos, mas não de forma saudável, visto que tal não se reflete na redução da percentagem de massa gorda. Para além disso, mal seja retomado o hábito de comer frequentemente e em quantidade, o aumento de peso pode ser ainda maior.

O ideal é que o timing entre refeições seja ajustado ao quotidiano de cada um. Se as atividades profissionais e lúdicas forem mais exigentes do ponto de vista físico, é natural que o organismo sinta necessidade de ser alimentado mais vezes (duas em duas horas, por exemplo). Nos casos em as profissões decorrem por turnos (diurnos e noturnos), o princípio a aplicar é semelhante, havendo só uma chamada de atenção para o tipo de alimentação realizada no período da noite.

Assim, deverá fazer-se, em média, seis refeições diárias: pequeno almoço, meio da manhã, almoço, meio da tarde, jantar e ceia. A isto, junta-se a água, com um papel fundamental a manutenção saudável do organismo. Na hora de selecionar os alimentos, quer nas refeições principais, quer nos lanches, o mais aconselhável é optar pelos integrais ou os minimamente processados, fruta (duas a três peças por dia) e derivados do leite (iogurte e queijos magros). Embora não faça parte da nossa cultura, não será má ideia inserir frango ou atum desfiado entre as grandes refeições. Além de serem opções saudáveis e magras, são fontes de proteína com alto valor biológico.

Para um maior sucesso sem que se corra o risco de "saltar" refeições, o ideal será preparar em casa pequenos snacks e fazê-los transportar connosco ao longo do dia (tupperware). Além de ser mais económico, permite-nos optar por escolhas mais saudáveis.




Referências:

FIDÉLIS, A. Por que temos que comer de três em três horas?
http://www.anapaulafidelis.com.br/index.php/2011/10/por-que-temos-que-comer-de-3-em-3-horas/

GABRIELA. Por que comer de três em três horas?
http://www.tips4life.com.br/2013/02/por-que-comer-de-3-em-3-horas/

MONSTRO, J. Anabolismo, catabolismo e metabolismo
http://bodybuilding-pt.com/forum/archive/index.php?t-12253.html

PESO CERTO - PERSONAL TRAINING. Sete razões porque deves comer de três em três horas
http://www.pesocerto.com.pt/blog/5-saude/34-7-razoes-porque-deves-comer-de-3-em-3-horas.html

PLANETA DO CORPO. Catabolismo muscular
http://www.planetadocorpo.com/2012/11/catabolismo-muscular.html

Texto revisto por Elsa Santos

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Hidratos - Comer à noite faz engordar?

No mundo do Fitness, já é sabido que existem muitas teorias, umas fundamentadas, outras nem por isso. Já todos ouviram falar, certamente, que se deve evitar o consumo de hidratos de carbono à noite principalmente quando os objetivos passam por emagrecer ou definir. Mas será que é verdade?

Devo cortar nos hidratos de carbono à noite? 

Os hidratos de carbono constituem a principal fonte de energia do nosso organismo e classificam-se em monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos [Link]. As principais fontes de hidratos são os cereais (arroz, massa, pão, aveia, etc.), tubérculos (batata, batata-doce, etc.), fruta e as leguminosas secas (feijão, lentilha, grão de bico, etc.).

Além de serem os responsáveis pela "boa performance" dos músculos enquanto treinamos ou desempenhamos tarefas do dia-a-dia, auxiliam também o bom funcionamento dos órgãos, principalmente do cérebro. Uma dieta pouco rica em hidratos pode deixar a pessoa depressiva, "irritadiça", com mau humor e com dificuldades no raciocínio e no sono. 

Quantas vezes já não nos vingamos nos doces por estarmos aborrecidos?
(começa a fazer sentido agora?)

O nosso corpo é uma máquina que vive de hábitos e vícios e, como já vimos anteriormente, os açúcares, em consumos abundantes, causam dependência. Ora, a ingestão desta "droga" proporciona-nos uma sensação de satisfação. Uma forma simples de testar isso mesmo é, durante um dia, fazer um regime "low carb" (cortar no consumo de hidratos) e verificar o que vai acontecer ao cair da noite. O mais certo é ter vontade de comer todos os doces que há em casa.


Embora, cada vez mais, haja profissionais especializados na área alimentar (nutricionistas), na realidade dos ginásios, continuam a existir muitos "autodidatas" da nutrição que negligenciam os seus hábitos alimentares por não saberem filtrar corretamente a informação que recolhem. Independentemente de se querer emagrecer ou ganhar massa muscular, o mais importante é o fator nutricional e ter as quantidades certas de todos os macronutrientes (hidratos, proteína e gordura) é ponto não negociável. É neste aspeto que as pessoas falham, tanto no que fizeram no passado para chegar ao estado em que se encontram, como no presente, nos meios que utilizam para alcançar os objetivos. Quando querem emagrecer a qualquer custo, o primeiro passo é cortar nos hidratos. E à questão: tem hábitos alimentares saudáveis? normalmente respondem: 

"Sim, cortei nos hidratos e não os como à noite!"

Normalmente, estes "cortes" são radicais. Contudo, reduzir o consumo de hidratos de forma brusca pode ter consequências prejudiciais para o organismo; a curto prazo, falta de energia, fraqueza, tonturas e hipoglicémia podendo, em casos extremos, levar ao desmaio e, a longo prazo, além de complicações de saúde, o mais certo é a pessoa voltar a recuperar o peso perdido e ainda acrescentar mais alguns quilos (efeito iô iô). 

Não podes querer fazer andar um carro se este não tiver combustível!

Assim, o ideal é optar por fontes de hidratos de índice glicémico (IG) [Link] mais baixo pois, quanto mais elevado for, maior será a quantidade de insulina produzida que, em concentrações elevadas no sangue, é  o principal fator responsável por patologias como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e degenerativas.  


Os hidratos de índice glicémico baixo encontram-se nas massas, arroz, pão e cereais integrais, legumes, leguminosas e fruta (melão, pêra, maçã, etc.). Relativamente à fruta, é importante evitar consumi-la demasiado madura pois aumenta o seu IG. 

Ao optar por alimentos de IG alto, antes e depois do treino, será uma boa opção. Fará com que os níveis de glicose no sangue aumentem. Assim, em pré-treino, fará com que as reservas energéticas levem mais tempo a ser desgastadas permitindo uma maior performance. No pós-treino, ajudará na recuperação, com a reposição das reservas glicolíticas dos músculos. Nesse sentido, muitos dizem que "as porcarias" devem ser consumidas nesta fase. Em teoria sim, mas na prática, é melhor não!


No entanto, muito se diz sobre timing das refeições e quando devemos ingerir os hidratos. No mundo da dietética, então, conserva-se o mito: Comer hidratos à noite faz engordar! Comer hidratos só ao pequeno-almoço! Comer hidratos só até às 16h00!... 


É compreensível esta forma de pensar dado que, com o findar do dia, o metabolismo tende a abrandar, tal como nós, quando adormecemos, aumentando a resistência à insulina.  Contudo, não é por o corpo gastar menos calorias a dormir que os hidratos ingeridos se vão transformar logo em gordura, como os crentes destas "correntes" alimentares preveem. 


Para perder peso, é necessário sujeitar o corpo a um regime hipocalórico (ingerir menos calorias do que as que são gastas). Como tal, se a pessoa for regrada e rigorosa com o seu plano alimentar, consumir os hidratos de carbono ao longo de todo o dia não terá qualquer tipo de implicância, dado que o importante, no final de contas, é o número de Kcals totais bater certo e as quantidades (gramas) de hidratos (e também proteína e gordura) serem consumidas na totalidade. Deve sim, cortar-se nos alimentos com IG alto neste período para evitar picos de insulina e calorias a mais. 


Acredito que foi possível desmistificar esta questão e perceber que o consumo regrado de hidratos de carbono pode ser feito ao longo do dia. Em suma, comer à noite, regra geral, não faz engordar. No entanto, devemos privilegiar os de baixo índice glicémico (IG). Antes e depois de um treino intenso, consumir alimentos com alto IG, será uma boa opção.


Em relação aos hidratos de carbono, não existem, pois, alimentos proibidos mas sim alimentos que devem ser consumidos com muita moderação.   



Referências:

ALMEIDA. F. Comer à noite engorda? Deve-se evitar hidratos de carbono à noite?
http://tafitness.net/comer-noite-engorda-evitar-hidratos-carbono-noite/

FAT NEW WORLD. Não comer hidratos de carbono à noite?
http://www.fat-new-world.com/2011/04/nao-comer-hidratos-de-carbono-noite.html

GRUPO 4WORK. Hidratos de carbono: fonte de energia ou fonte de gordura?
http://www.4work.pt/cms/index.php?id=98&no_cache=1&tx_ttnews%5Btt_news%5D=76&tx_ttnews%5BbackPid%5D=1&cHash=4d6318588a

NESTLÉ. Hidratos de Carbono
http://www.nestle.pt/SaboreiaaVida/Nutricao/Nutrientes/Energeticos/Pages/Hidratosdecarbono.aspx

PÚBLICO. Hidratos de carbono à noite: Bicho papão... ou talvez não! 
http://lifestyle.publico.pt/mitosquecomemos/321504_hidratos-de-carbono-a-noite-bicho-papao-ou-talvez-nao

SAÚDE IG. Falta de carboidratos afecta funcionamento do cérebro
http://saude.ig.com.br/alimentacao/falta+de+carboidratos+afeta+funcionamento+do+cerebro/n1596820953741.html

Tema sugerido por Diogo Silva - Texto revisto por Elsa Santos